PERSONAGEM DA SEMANA --> Aprendendo princípios do evangelismo com 4 leprosos de Samaria

30/04/2020 21:11

 

Em 2 Reis 7, nós podemos ver uma situação interessante e que, apesar de estar inserida em um outro contexto, pode nos dar algumas pistas sobre princípios do evangelismo ou do anúncio das boas novas.

 

O contexto da passagem (2 Reis 6: 24-33)

Samaria era uma cidade pertencente ao reino de Israel, onde habitava o profeta Eliseu, sucessor de Elias. Uma grande fome havia ali se instaurado, pois a cidade estava cercada pelo exército do rei da Síria (2 Reis 6: 24).  A situação era tão extrema que a quarta parte de um cabo de esterco de pombas, estava sendo vendida por cinco peças de prata (2 Reis 6: 25). Mais assustador é o fato da população ter recorrido ao canibalismo para saciar a fome, como é relatado nos versos 28 e 29 do capítulo 6.

Nesse contexto de grande precariedade, o Senhor promete prover alimentos para aquela cidade: “Então disse Eliseu: Ouvi a palavra do SENHOR; assim diz o SENHOR: Amanhã, quase a este tempo, haverá uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, à porta de Samaria”. (2 Reis 7: 1)

Um capitão, em cuja mão o rei se encostava, duvidou da providência divina. Ao passo que Eliseu profetizou que ele veria a provisão de alimentos, mas dele não comeria (2 Reis 7: 2), o que de fato ocorre, já que este capitão morrerá (2 Reis 7: 17). Aqui podemos ver que quando Deus promete uma coisa e somos incrédulos, duvidando do Seu agir, acabamos por perder a benção de Deus, ficando de fora. Não podemos deixar a realidade em que nos encontramos limitar a nossa fé no agir do Senhor, ainda mais quando existe uma promessa de vitória. Se Ele promete, Ele é fiel para cumprir, apesar das circunstâncias adversas. Afinal: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria Ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Números 23: 19)

 

Os 4 leprosos de Samaria (2 Reis 7: 3-11)

4 leprosos estavam à porta de Samaria e começam a refletir o porquê de estarem ali esperando pela morte. Sendo assim, depois de conversarem entre si decidem ir até o arraial do sírios, pois talvez eles os deixassem viver, e caso os matassem, pelo menos haviam tentado sobreviver, já que na porta da cidade a morte era certa. (2 Reis 7: 3-4)

Os leprosos estavam na porta, pois na época quando alguém estava com lepra deveria ser excluído da comunidade, da comunhão com os demais moradores da cidade ou arraial. Ele era marginalizado e recebia o status de imundo (Levíticos 13: 3).

A ação deles de irem em direção ao território do arraial sírio demonstra intrepidez e ousadia. A situação adversa não os deixa paralisados, eles decidem agir.

Quando chegam ao arraial dos sírios descobrem que ele está vazio, o Senhor fez com que os soldados ouvissem o ruído de um grande exército, com carros e cavalos, o que fez com que fugissem apressadamente deixando tudo para trás (2 Reis 7: 5-7). E ali os quatro homens leprosos encontraram tendas vazias, cavalos, jumentos, comida/bebida, ouro, prata e vestes (2 Reis 7: 7-8).

Estes leprosos eram marginalizados, não podiam nem entrar na cidade. Deviam ser, até mesmo, desprezados pelo povo. No entanto, a estes que pareciam não ter valor, que carregavam um pesado estigma social, Deus deu a conhecer o milagre que havia operado. E o arraial vazio dos sírios impediu que os leprosos morressem. Lá havia comida, bebida, vestes, ouro e prata.

Eles poderiam ter sido egoístas e guardado tudo para eles, mas decidiram compartilhar com toda a cidade as boas novas, compartilhar o milagre, assim trouxeram salvação até Samaria. Foram mensageiros de boas novas: “Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá; por isso agora vamos, e o anunciaremos à casa do rei. Vieram, pois, e bradaram aos porteiros da cidade, e lhes anunciaram, dizendo: Fomos ao arraial dos sírios e eis que lá não havia ninguém, nem voz de homem, porém só cavalos atados, jumentos atados, e as tendas como estavam. E chamaram os porteiros, e o anunciaram dentro da casa do rei” (2 Reis 7: 9-11).

Interessante é o fato de não entrarem na cidade. Eles anunciaram tudo da porta, aos porteiros. Ou seja, ainda eram marginalizados, porém o mau tratamento que recebiam não os impediu de anunciar o que Deus tinha feito. Eles foram instrumentos nas mãos de Deus, foram usados para anunciar as boas novas.

E você? O que é possível aprender com estes leprosos?

Saiba que mesmo que você seja marginalizado, excluído, desprezado, visto como menor, ou até como um fanático, não devemos cessar de anunciar a Palavra de Deus, as Boas Novas, a salvação que nos foi dada a conhecer. Somos chamados a isso por Jesus. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. (Marcos 16: 15)

Devemos compartilhar Jesus, o milagre, para que venhamos a ser instrumentos nas mãos de Deus, como aqueles leprosos foram. Façamos isso, mesmo que após anunciarmos o bem, continuemos sendo excluídos.

Outro ponto é que devemos anunciar a Palavra de Deus a quem está ao nosso alcance. Talvez só possamos falar com o porteiro da cidade e nos seja impedido falar com os demais moradores da cidade e com o rei. Contudo, lembre-se,  o evangelho se espalha. Você pode ter anunciado somente ao porteiro, mas é esse que irá avisar aos que estão na cidade e até na casa do rei (2 Reis 7: 11). A palavra lançada gerará frutos.

Talvez os leprosos nem tenham sido agradecidos, muito provavelmente permaneceram do lado de fora da cidade (devido ao estigma social que recebiam), todavia, eles fizeram o que era bom aos olhos do Senhor. “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!” (Isaías 52:7). Não devemos esperar reconhecimento dos homens, nosso galardão vem de Deus. E, apesar de tudo, os leprosos ainda foram abençoados ao encontrarem alimentos, vestes e ouro/prata. A vida deles foi mudada, não iriam mais morrer.

Devemos ter fé para agir e acreditar no milagre. A fé não está relacionado ao estatuto social: o capitão foi incrédulo e o próprio rei teve que ver para crer que o arraial dos sírios estava vazio (2 Reis 14-16). Mas, os leprosos agiram pela fé, mesmo sem ver. Tiveram ousadia e intrepidez.

 

Fonte: https://bibliacanetapapel.wordpress.com/2017/05/29/primeiro-post-do-blog/